quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nas Artes Marciais, cérebro vale mais do que músculos




Pesquisa recente mostra que o segredo de quem é graduado com a faixa preta não está na potência muscular, mas na capacidade de coordenar a velocidade máxima do ombro e do punho mediadas pelo cérebro.




Lutadores mais experientes apresentaram mudanças em sua estrutura cerebral. O poder cerebral, e não a força/potência muscular isoladas, pode explicar o fato de os especialistas em karatê conseguirem aplicar mais velocidade nos golpes. Segundo afirmaram os cientistas que realizaram o estudo (Roberts, E. et al, 2012), anos de treinamento em artes marciais alteram o cérebro.



Compararam golpes curtos aplicados por dez faixas pretas de Karatê com os golpes de 12 iniciantes, e descobriram que o segredo dos lutadores mais experientes estava na capacidade de coordenar a velocidade máxima do ombro e do punho. Essa interação permitia maior aceleração e impacto do golpe: "Os faixas preta de Karatê conseguiram aplicar seus golpes com um nível de coordenação que os iniciantes são incapazes de realizar", afirmou Roberts, professor do Departamento de Medicina do Imperial College de Londres.



Os cientistas escanearam os cérebros dos dois grupos e descobriram que aqueles que realizavam golpes mais fortes apresentavam mudanças na estrutura da substância branca, que transmite sinais entre as regiões cerebrais de processamento. Quanto mais prolongado for o treinamento, maiores são as mudanças cerebrais.



Concluíram que a sintonia das conexões neurais no cerebelo, região que controla a coordenação motora, permite sincronizar os movimentos do braço e do tórax de forma muito precisa. Também descobriram que a coordenação motora, tempo de experiência em artes marciais e a idade de início do treinamento influenciavam nas mudanças da estrutura da matéria branca dessa região cerebral dos lutadores.




Legenda do modelo experimental e resultados: (A) Para gravar o movimento dos participantes durante o experimento, os marcadores de infravermelhos foram colocados sobre os ossos dos punhos, cotovelos e ombros; (B) de cada lado do quadril e ao longo da linha média ao nível da vértebra lombar L5 e da vértebra cervical C7. Os participantes estavam sobre uma plataforma de força no solo e, nas tarefas quanto aos golpes de percussão, atingiam uma placa de força vertical com a mão direita; (C) A média de perfis de velocidade para o grupo de atletas experientes (faixa preta), imediatamente antes e após executarem os golpes; (D) A diferença temporal entre as velocidades de pico do punho e ombro da mão direita, a partir de uma distância de 5 cm foi significativamente menor no grupo de atletas experientes (cor azul) do que com iniciantes (cor branca).


Referência: Roberts, E. et al. Individual Differences in Expert Motor Coordination Associated with White Matter Microstructure in the Cerebellum. Cerebral Cortex, 2012.

Lutadores mais experientes apresentaram mudanças em sua estrutura cerebral

faixa preta


O segredo do soco de um faixa preta não está nos músculos, mas na capacidade de coordenar a velocidade dos punhos e ombros (Thinkstock)

O poder cerebral, e não a força bruta, pode explicar por que alguns lutadores de caratê conseguem quebrar tijolos com um simples golpe de mão. Segundo uma pesquisa publicada na revista Cerebral Cortex, os anos de treinamento em artes marciais fazem mais do moldar os músculos - eles alteram o cérebro. 

CONHEÇA A PESQUISA 



Título original: Individual Differences in Expert Motor Coordination Associated with White Matter Microstructure in the Cerebellum 

Onde foi divulgada: revista Cerebral Cortex 

Quem fez: R.E. Roberts, P.G. Bain, B.L. Day e M. Husain 

Instituição: Departamento de Medicina do Imperial College de Londres 

Dados de amostragem: 12 lutadores de caratê principiantes e 10 faixas pretas 

Resumo:


Resumo dos Resultados: Os pesquisadores descobriram que os lutadores veteranos conseguem coordenar melhor a velocidade do ombro e do punho, aumentando o impacto de seus golpes. Além disso, os anos de treinamento em caratê produziram mudanças em sua estrutura cerebral.
Os pesquisadores compararam golpes curtos aplicados por 10 faixas pretas em caratê com os golpes de 12 principiantes, e descobriram que o segredo dos lutadores mais experientes estava na capacidade de coordenar a velocidade máxima do ombro e do punho. Essa interação permitia maior aceleração e impacto do golpe. "Os faixas preta de caratê conseguiram aplicar seus golpes com um nível de coordenação que os principiantes são incapazes de produzir", afirmou Ed Roberts, professor do Departamento de Medicina do Imperial College de Londres e um dos autores do estudo.

Em seguida, os cientistas escanearam os cérebros dos dois grupos e descobriram que aqueles que davam os golpes mais fortes apresentavam mudanças na composição da substância branca, estrutura que transmite sinais entre as regiões cerebrais. Quanto mais prolongado for o treinamento, maiores são essas mudanças. "Concluímos que a sintonia das conexões neurais no cerebelo, região que controla a coordenação motora, permite sincronizar os movimentos do braço e do tórax de forma muito precisa", afirmou o pesquisador.

Os cientistas também descobriram que a coordenação motora, a quantidade de experiência em artes marciais e a idade de início do treinamento influenciavam  as mudanças na estrutura da matéria branca dessa região cerebral dos atletas.


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